Korra

Korra surge como uma heroína em um cenário onde as animações tradicionais representam as mulheres como coadjuvantes e forçam um padrão de beleza fora da realidade. Esse foi um dos primeiros sinais que indicaram a segunda geração de Avatar como uma história que vai além do clichê, abordando temas atuais como a luta racial, o feminismo, a ideologia política e a sexualidade.

Na construção dos vilões, o teor extremista foi uma forma de apresentar um paralelo político da nossa realidade. O discurso usado por eles, resultado de mentes em desequilíbrio, conquistava os mais inocentes. Apontavam um suposto inimigo que seria a fonte de todos os problemas – alusão à mesma estratégia usada por regimes ditatoriais como o Nazismo e o Fascismo (Foi assim com Amon contra os dobradores, Unalaq contra a Tribo da Água do Sul, Zaheer contra os governos e Kuvira contra as pessoas que não pertenciam ao Reino da Terra).

Korra durante sua jornada teve problemas com seu lado espiritual. No primeiro livro, em que vimos ela dominando 3 elementos, podemos perceber sua grande dificuldade em aprender o último: o ar. O elemento que demanda mais do lado espiritual do avatar do que o físico. Ela durante todos os livros passou por momentos delicados que abalaram o seu lado emocional, chegando a ficar em estado depressivo no fim do livro 3.

Combater pessoas que estavam em desequilíbrio e suas experiências no mundo espiritual, fez com que Korra evoluísse aos poucos. No Quarto livro já encontramos uma Korra totalmente diferente. A garota rebelde do livro 1 se transformou em uma mulher mais madura e ciente das suas responsabilidades, disposta a arriscar tudo para defender a Cidade República.

Seu último desafio, enfrentar Kuvira, colocou a prova toda a sua evolução como avatar. Ao demonstrar compaixão, arriscando a própria vida para salvar Kuvira, Korra mostrou que entendeu o significado do equilíbrio que o mundo precisa.

Sei que me afundei profundamente após ter sido envenenada, mas finalmente entendi porque tive que passar por tudo isso. Precisava entender o que sofrer significava, para que eu pudesse ter mais compaixão com os outros. Até com pessoas como Kuvira.

O aprofundamento da relação entre Korra e Asami foi mais uma cartada contra os extremistas – agora, os do mundo real. Com uma cena sutil, onde as duas caminharam até o portal do mundo espiritual e de mãos dadas se entreolharam, os criadores fizeram uma alusão à cena final de The Legend of Aang, onde Katara e Aang se beijam. Isso esclarece qualquer dúvida sobre o significado da relação delas.

Com essa cena final fica claro o que The Legend of Korra representa: uma série que se destaca por fugir do padrão das animações ocidentais. Mérito dos seus criadores que, mesmo com resistência da Nick, abordaram temas complexos no enredo representando a pluralidade e complexidade do mundo real.